– Você não tem medo dele te trair?
Eu já tinha perdido a conta de quantas vezes a minha prima tinha me perguntado sobre a fidelidade do meu namorado. Eu revirei os olhos e respondi sem muita vontade.
– Não.
– Mas, ele não tem muito tempo para você. Já é mais de um ano nesse namoro que sua agenda sempre tem que ser ajustada para ele.
– Eu sei e estamos bem com isso. Somos parceiros e entendo que os trabalhos dele exigem tempo demais. E, caso não tenha percebido, ele sempre sai comigo no tempo livre.
– Percebi. Mas, quem garante que ele está mesmo trabalhando ou em casa ou onde ele diz que está?
– Ele tem a minha confiança. Se ele me trair, a culpa não será minha. – respirei fundo e tentei explicar. – Traição está mais ligado com o caráter da pessoa do que com o relacionamento em si. Nós dois prometemos fidelidade e lealdade um ao outro, sim. Mas, se ele quiser me trair, ele pode me trair estando longe ou perto de mim.
Ela me olhou um pouco séria e eu esclareci meu ponto de vista.
– A gente pode estar em um show e, em uma volta, ficar com várias ou ele pode me dizer que chegou em casa e foi sair com outra. Eu posso ser a melhor namorada do mundo, mas se ele quiser, ele vai me trair. A traição é questão de caráter porque depende de uma atitude dele e não só uma atitude minha.
Depois de um tempo em silêncio, ela finalmente disse:
– E você realmente confia nele?
Eu assenti.
– Você ficaria triste se descobrisse uma traição da parte dele?
– Claro que sim. A decepção seria maior por estar com uma pessoa que não cumpriu o que me prometeu, por estar me enganando e ter perdido minha confiança, essas coisas.
– É tudo uma questão de confiar, então. – ela concluiu.
– Sim. – eu concordei. – Tudo depende da confiança e saber que nem tudo depende da gente. É uma cumplicidade, uma troca e uma parceria que vem de ambos os lados. Confiar que entreguei meu coração a um amor correspondido para que, juntos, sempre possamos fazer o nosso melhor um com o outro.