Agora, sozinho em meu quarto, ou talvez mais tarde, ao chuveiro, quando tenho a impressão de que posso parar o tempo – nesses momentos eu me pego pensando no plano B.
Mudança de planos, mais uma para o currículo. Um novo endereço, um novo amor, um novo hobby. Junto, um cansaço gigante, costas e joelhos que antecedem a previsão do tempo. Numa dor gritante, a articulação femoropatelar esquerda avisa sobre o dia chuvoso de amanhã. Em sequência, borboletas que habitam na barriga borbulham freneticamente. O que esperar para mais tarde? E em poucos dias, semanas, anos?
Bastaria um milagre, mas os santos estão ocupados demais. Porque o plano A já não está muito adiantado. Porque as chances do barco virar são reais. Olhe para o lado. A grande atriz não vingou. O excelente profissional não foi promovido. O musicista sai do palco, sem aplausos ao fim da canção. Aquele autor, tão famoso, ninguém mais leu.
Talvez mudar seja a única escolha.
Mudanças. Plano B ou C?
Mesmo sendo difícil, viver é tomar decisões. Ao longo da vida, podemos fazer escolhas até mesmo duvidosas. Mas acredite, elas não são de todo mal. Reconhecer derrotas pode nos tornar mais fortes. Deve ser muito chato quem aprende apenas acertando.
Quando de frente com o inesperado, a ansiedade envolve nossos corpos, feito neblina. Isso acontece comigo, com você, com todo mundo. Situações boas também podem nos deixar aflitos. Nesses momentos, deixo que ela – a ansiedade – me abrace. E percebo que eu não sou esse sentimento, apenas estou sentindo. São coisas diferentes, ser e estar.
Em meio a tantas dúvidas, sensações, medos, tento me ater a um por vez e dividir os problemas, a fim de conquistá-los. Todo plano pode ser certo, basta tentar. Por ora, quero acordar amanhã e ver que meu joelho mentiu. Fez um dia lindo.
