Hoje acordei com saudade de brincar com seus cabelos, de sentir sua voz manhosa e rouca no meu ouvido falando alguma sacanagem.
Saudade de sorrir de suas broncas por eu estar fumando e te ver acender um cigarro.
Engraçado de como nossa história é cheia de ironias, afinal eu nunca disse que te amava e você se quer me amou, mas estávamos ali, um para o outro, não era amor, não era sexo, não era só amizade, era algo tipo um móvel que precisa de algo para escorar, tinha momentos em que eu era o móvel e outro que era escuro.
Talvez nos precipitamos e tentamos construir amor de cinema, quando na verdade éramos só um dos casos de amor escritos por Nelson Rodrigues ou uma canção da Birdy, sei lá; mas hoje eu acordei sendo aquele móvel e senti falta de tudo aquilo que nunca dissemos um para o outro, medo? imaturidade, orgulho?
Sinceramente não faço ideia, mas eu queria fazer quem sabe assim teria coragem de discar aquele número que apaguei da agenda 2363 dias, 4 horas, 20 muitos atrás, faz tão pouco tempo da última ligação, que meus dedos ainda sabem quais são os números que devem discar em dias assim, mas logo o cérebro avisa que não é uma boa ideia, que esse quase amor já foi sepultado sem adeus ou beijo de despedida.
E o que me resta nessa quinta sombria, é puxar uma cadeira para saudade que acaba de chegar e tomar uns cafés e encarar mais uma vez as paredes pretas, na esperança dela ter alguma coisa sua guardada, tomara que seja o seu sorriso.