Tenho problemas com alguns advérbios. Os de tempo são minha derrota. Todas às vezes que você me deixou para depois criaram marcas.
Foram tantas frases acompanhados de depois ou amanhã ou mais tarde, nada pra hoje. A gente foi ficando sem tempo, sem agenda, sem disposição. Aquele depois tanto dito no início virou sei lá o quê, algo que nem existe mais. Perdeu-se no espaço-tempo. O depois nunca existiu. O depois virou nunca.
Imediatamente, toda vez que escuto alguém falar “depois” me lembro de você. De como todas as promessas pareciam valer a pena, de como o pouco parecia muito, eu me alimentando de esperanças suas. E depois?
Todas às vezes que recebi um “a gente vai se falando”, a gente não se falava. Tinha muito para te contar, uma euforia guardada. Mas, de sua boca, as palavras nasciam mortas, como um beijo amargo.
O depois me lembra você porque a gente só se lembra do passado. Você é um passado importante para ser lembrado, mas como algo que não se repete. Não quero a mesma dor duas vezes, seria perda de tempo.
Por isso me lembro de você. Para não me esquecer do agora, para recordar que o mais importante é ser muito feliz.
Por isso que interrompo quem me diga “depois”. Depois não é opção.
Ainda coleciono palavras bonitas, mas AGORA escolho melhor para quem contá-las.