Fazíamos amor com os olhos, transávamos enquanto todos festejavam, foram anos a fio sem ter coragem de dizer uma só palavra sobre esse tesão, mas em um domingo qualquer, durante um churrasco, seus olhos conseguiram entender o meu convite para irmos embora dali.
Entro no carro e torço para que venha logo, 10 minutos e você saí pelo portão, o coração dá aquela disparada e por pouco não esqueço o caminho de casa.
Pouco foi dito, apenas os olhares devoradores gritando alto de desejo.
Entramos em casa, o 201 parecia estranho até para mim, uma cerveja, dois tragos e começamos a dançar uma música que só nós podíamos ouvir, todos nossos sentidos foram aguçados, mas ainda não sabíamos quando poderíamos deixar nossos lábios se tocarem, até que um pouco da cerveja escorreu da minha boca e foi descendo pelo pescoço, e assim senti sua boca me tocando pela primeira vez.
Logo nossas bocas estavam entrelaçadas tecendo não só uma história, mas algumas ilusões e promessas.
Nossos corpos estavam tão próximos que as batidas dos nossos corações entraram no mesmo compasso, e aos poucos fomos tirando peça por peça de roupa, sussurros, puxões de cabelos, seu corpo na parede e o meu no seu, desenhando no espaço o que não devia ter demorado tanto a acontecer, corpos nus, olhos nos olhos, suas pernas envolvendo minha cintura e se Platão estiver certo, logo já não vamos ser tão interessantes um para o outro, afinal alcançamos o objetivo de nosso desejo…
Na mesa, no sofá , na cama enfim o gozo e as primeiras palavras saíram de sua boca: “por qual motivo demoramos tanto?”…
Que Platão esteja errado.