Você ficou entre tantas outras

Eu ouvi alguns passos pela casa, não quis acreditar que você também estava indo embora como tantas outras já fizeram, olhei para o canto da cama na esperança de te ver lá, na esperança que fosse um fantasma ou um ladrão rodando pela casa, mas não, você não estava lá.

Fechei os olhos, queria voltar a dormir e pensar que aquilo era só um sonho ruim ou qualquer coisa do tipo, mas o sono não veio, faltou coragem para levantar da cama e impedir que você se fosse, mas eu nunca te prendi, nunca te obriguei a ficar ou a vir, você sempre fez tudo do jeito que quis…

Com o coração apertado me levantei, o medo fazia os pensamentos voarem, nos breves segundos que gastei do quarto até a cozinha imaginei mil coisas, mas veio a melhor surpresa de todas.

Você não estava fugindo como todas as outras, estava literalmente brigando com o fogão e as panelas, tentando fazer um café da manhã, me olhou com aqueles olhos castanhos que continha toda calmaria que meu caos procurava, sorriu com vergonha pela bagunça que tinha feito, acho que você estava tentando fazer panquecas, pois havia farinha de trigo por toda parte, eu sorri, você me beijo, passei minhas mãos sobre seus cabelos, te beijei a testa, logo depois te agarrei pela cintura e coloquei sobre a pia, te olhei por um minuto inteiro, em silêncio, com calma, então você quebrou o silêncio com um dos seus beijos que gosto tanto, e entre a farinha espalhada por toda cozinha, a água fervendo para o café e os ovos cozinhando, fizemos amor, misturando mais uma vez nossos desejos, sonhos e tesão…

Max Vieira

Max, trinta e poucos anos, tatuado, barbado, fumante e viciado em café. Autor e criador do perfil @saudadedonossoamor, onde escreve micro contos e frases sobre saudade, amor, sexo bandido e noitadas, tudo envolto na fumaça de intermináveis cigarros e muito café com gim.

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