Verbal

mulher posando para foto ao fundo do por do sol

Se “posse” fosse um verbo, seria frustrar-se
no reflexivo,
no espelho que não corresponde
à transitoriedade das coisas

Pai seria proteger
Mãe, amar, sem dúvidas.

A mentira seria ‘esconder’
e o tempo seria ‘revelar’ e depois ‘superar’

A inveja seria sugar até se transformar
em outra palavra, talvez ‘insuficiência’.

O choro repetido, cada vez mais raro
seria esquecer.

Se o mar fosse verbo, não sei qual seria,
mas seria o oposto de ‘acabar’

Talvez em “mar” só faltasse uma letra
ou mudasse uma letra – pra virar mãe

Origem, forte e infinito.

Água seria nascer; fogo seria renascer
e o desejo seria o fogo no imperativo.

E se eu fosse um verbo,
seria um tanto defectivo
um tanto pretérito imperfeito…

‘Escolher’ não seria o meu, certamente

Estou em viver, em permitir recomeçar
em doar, em doer; e, às vezes, em escrever.

Matheus Moreto

Escrevo na ambivalência: dar voz ao que me falta o ar é silenciar o que não me deixa respirar. Psicólogo, pisciano, passageiro. Meio luz, trilha e cachoeira; meio caos e rolê bagaceira

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Seja um dia, seja uma noite, as coisas ficam claras. E elas simplesmente não importam mais. Eu não sei mais o que você está sentindo.
Se me perguntarem qual amiga que sou, vou responder que sou a amiga que fica. Aquela amiga que segue a vida, mas sempre encontra um tempo.