A lua mingua
Entrelaço minhas mãos nas tuas no nosso gozo compartilhado
Contigo é diferente, tem o toque do reconhecimento
E então me sinto em casa
Em qualquer lugar, em casa
Aqui, nesse bangalô em Teresópolis parcamente mobiliado
Sua nudez envolta em erva barata passeando pelo meu mundo
E essa é toda realidade que quero
A lingua mingua e seu cheiro cresce
Toma conta de tudo o que é real
E do que não é, principalmente
Ouço distante uma canção entoada num lamento
É sempre lamentosa a paixão (((não fosse assim, seria qualquer outro sentimento
Efusão é vazio, amor, me entenda
Tudo que é excessivamente bom é necessariamente amargo em sua essência
Enquanto a lua mingua, a cena vai minguando junto: MPB soft de algum clássico do nosso cancioneiro, incenso de canela
Sinto uma paz que há muito não me encontrava – Estou bem – Estou feliz ((( Mas eu trocaria essa paz pelo caos de te ver chegar ébrio trajado somente com a bandeira do Brasil aqui em casa
Estou aqui, no conjugado soca-corno no meio do centro urbano, cercada pelas massas de outros tantos indivíduos isolados em si mesmos e indiferentes ((( Você? – É só mais uma dessa tantas indiferenças, absorto no que quer que seja que te faça feliz e te dê a dose obrigatória de hedonismo, espero
Eu iria agora, sim – A um lugar, a qualquer lugar (((contigo, que fosse
Mas não posso.
Porque nada disso é real.
Eu mesma… nunca existi.