E depois que ela se foi, dias se passaram, as semanas e os meses também e de repente ela voltou a fazer do meu peito o seu abrigo, das minhas aspas o seu esconderijo, pegou todas as cores do meu caos e jogou sobre o seu ser! Fez festa, chegou cantando uma música da Adriana “você tem meia hora, pra mudar a minha vida. Vem vambora”…
Um sorriso bobo e desconfiado brotou em meu rosto, tentei segurar e não dizer a palavra “saudade”, mas era impossível não se render aos encantos da doce estranha, ela que sempre dançou e cantou para mim, que se mostrou menina no corpo de uma mulher madura, que a alma mesmo machucada ainda tinha esperança.
Seus sonhos de crianças hoje se perdem nas certezas que a vida de uma bailarina têm, mas uma coisa ainda não mudou, sua vontade de se entregar, de se aninhar em minhas aspas e ficar ali, parada, escondida e quem sabe até protegida.
Beijos, abraços apertados, mãos afoitas, loucuras sob o lençol de estrelas, a luz da lua que estava em Marte, mesmo sabendo que quando o sol desse bom dia ela teria que partir, teria que sair sem dizer adeus para não colocar um ponto final, então ela se entregou por mais uma noite e se permitiu em ser a “menina” que sonhava em ser feliz dentro de uma alma feita de caos, loucuras, cigarros e cafés com gin…