Novamente sentia que meu corpo parecia ganhar uma vida própria de desejos dos quais eu era escrava e senhora a um tempo só.

Me sentia mesmo como que dotada de um certo poder de sedução, como se me achasse capaz de atrair qualquer homem assim que o visse.

O abandono dele me pareceu como a realização forçada de um desejo. Não era que não quisesse que ele fosse embora, fantasiava com isso todos os dias anteriores.

Pois é, aconteceu comigo o que com tantas outras havia acontecido: havia sido traída. O que mais me incomodava não era a ruptura do pacto.

Desde antes de cortar o cabelo, sentia que algo havia se alterado no espírito da relação, uma distância havia se interposto, uma barreira se erguido, tudo isso de maneira quase inamovível, mas presente de uma maneira sufocante.