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Brancos antirracistas: precisamos conversar! 4 informações básicas na luta contra o racismo

Na últimas semanas, o racismo entrou na pauta do mundo todo como poucas vezes aconteceu. Foi impossível entrar em qualquer rede social sem ver alguma manifestação de apoio a comunidade negra e de repúdio a violência policial que afeta desproporcionalmente pessoas pretas nos Estados Unidos, no Brasil e em tantos outros lugares.

Passei esses dias todos mais como observador do que qualquer outra coisa. Não consegui me manifestar. Tirei esse tempo para refletir antes de tudo. Apesar dessas manifestações generalizadas terem sido importantes para abrir um debate para pessoas que, talvez, nunca tenham investido parte de seu dia para pensar no assunto, ainda uma dúvida pairou sobre minha cabeça durante todo esse tempo: será que essa onda de manifestação online se converterá em mudança prática de pensamento coletivo ? 

Caso essa seja também uma preocupação sua, lá vai 4 coisas que você precisa saber para começar a se tornar verdadeiramente antirracista: 

1- A luta antirracista não é apenas uma luta de minorias raciais (sim, estou falando com você branco(a): 

É importante que partamos do princípio que o racismo não é só um sentimento de alguns. Ele é um mecanismo criado historicamente e funciona até hoje como um mantenedor de privilégios subjetivos e substantivos de pessoas brancas. 

Eu entendo que você possa ser legal, possa ter vários amigos negros, possa amar rap: porém, isso não te torna menos racista. Reconhecer isso é o primeiro passo, a primeira informação que você precisa absorver para poder prosseguir. Você foi criado em uma sociedade em que se normaliza brancos em cargos de privilégios e negros, pardos, pretos e índios em papéis de desvantagem. 

Se foram brancos que criaram esse sistema, é com eles que devemos derrubá-lo. 

2- Use a sua posição de privilégio para ser antirracista: 

É papel de pessoas brancas falar sobre raça também. E é papel de brancos se educar sobre questões de raça. Não espere o seu amigo negro se informar para que você se informe com ele. Corra atrás da informação. Racismo não é uma questão secundária, é um dos assuntos mais importantes de nossa geração. Assim como você para para clicar em notícias sobre política e economia, você também deve aproveitar as oportunidades que surgirem para se informar sobre o assunto e conversar com os seus outros amigos brancos sobre o assunto. 

3- Ser antirracista vai ser desconfortável: 

Não é fácil assumir uma posição de antirracista. Não faça apenas pelos likes, não entre nessa só pelo hype. Não existe antirracismo pontual ou sazonal. Qualquer coisa nesse sentido é oportunismo. 

Esteja preparado para ser antirracista no happy hour, no trabalho, na reunião do colégio dos filhos, na fila do pão. 

4- Você é um aliado, não um protagonista dessa luta

Depois de entender os próprios privilégios, entender que se deve usar essa posição de privilégio na luta antirracista e compreender que esse é um papel desconfortável e sem fim, é hora de um lembrete importante: você não é o protagonista dessa luta. 

Ser um aliado do antirracismo é um papel muito importante e que só se fortalece a cada nova pessoa que percebe a importância dessa mudança de pensamento. Mas qualquer pessoa branca, por mais leitura e relatos ouvidos que tenha, nunca terá sentido o racismo na pele. Quando não tiver ninguém para apontar o racismo, aponte. Quando um negro o fizer, apoie. 

Redes sociais são importantes para ampliar o alcance do debate. Mas é no dia a dia, no voto e nas ruas que essa luta passa para o campo prático de mudanças necessárias para um mundo melhor não apenas para negros. O racismo é imoral e a sua insistência em sobreviver é ruim para a sociedade como um todo. Como dizia Tom Jobim : é impossível ser feliz sozinho (foi um contexto diferente, mas me dei a liberdade de fazer uma releitura). 

E ai ? Está preparado para transpor a hashtag para a vida real?

Igor Castro

<span style="font-weight: 400">É tanta coisa passando pela cabeça que a única saída que encontrei foi colocar tudo no papel. Essa é a minha tentativa de aprender e compartilhar um pouco do que penso e sei. Estou sempre preparado para um debate cordial e construtivo. O que você tem para me ensinar ? Gosto também de escrever sobre mídia e sociedade lá no meu twitter. </span>

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