Aqui estou vivendo mais uma de minhas tantas crises existenciais, e digo com veracidade que não há nada pior do que passar por elas.
Não existe nada pior do que não se encontrar, não se sentir autêntico é um fardo que não se supera o tempo todo. Para ser mais exata cada vez mais me dou conta do quanto somos dependentes e não autossuficientes.
Disto isto, creio que para cada parte de nossa vida nos vestimos de um personagem diferente, somos uma grande e constante metamorfose sem pausa que se adapta a tudo para aguentar com força o as incertezas dessa vida. Nós vestimos com um escudo enorme para aguentar a tudo – Não temos outra escolha que cair e se levantar, apanhar e aguardar firme, estar ferido e continuar lutando.
Se forem postas todas as cartas na mesa a única coisa que queremos ser é aquela criança de sorriso fácil, porém quando ainda pequenos somos obrigados a nos olhar no espelho e ver uma muralha impenetrável e forte.
Sentimos saudades do que nunca vivemos, sentimos saudades de apenas amar e ser amados, de ser apenas uma criança sem preocupações do amanhã.
A vida é cruel, ela nos mostra desde muito cedo que somos camaleões que tem que se camuflar para sobreviver ao mundo, que tem que se adaptar no ambiente para não virar presa dos predadores, ou como lagartixas que tem que perder parte de si para sobreviver aos perigos.
De fato não nascemos com o direito de ser apenas uma única versão de si mesmos, temos que mudar o tempo todo, somos frações de personalidades, somos de fases, por isso é tão difícil responder aquela pergunta – “Quem é você?”, ou “Quem sou eu?”.
Piscamos e estamos a nossa força se foi, o sino já bate para irmos embora deste mundo, estamos fadigados de tentar se encontrar nesse imenso labirinto, e então deixamos de fazer falta, deixamos de existir, isso sem ao menos ter a resposta para aquela pergunta – “Quem é você?”, ou “Quem sou eu?”.
Somos o hoje, somos o agora. Quem seremos no amanhã não sabemos a resposta, disto isto a única coisa que ficará serão nossas frações de personalidades que geraram memórias boas ou ruins em quem passar por cada fase de nossas vidas.