Vem Conversar

Das dores que não deveríamos sentir

Merda
Não bati o dedinho na quina
Nem o cotovelo na beirada da mesa

Foi você
Subindo no box na forma de shampoo
A toalha molhada pendurada no varal
No lugar certo
Cotidiano errado

Lacera
Porque corta mais
Quando saudade tem gosto e tem cheiro
Tem rosto e tem beco
E a camisa suada esquecida no fundo do cesto

Desperta
Espreme gestos da memória
Fingindo que se espana como poeira
Essa indesejada visitante
Encarcerada no peito

Despido
Na bancada da cozinha
Aquele brinco que caiu do segundo furo
No puxão no cabelo
Suas costas nos meus pelos

Estreito
Fica o peito
Ficam as paredes e os votos
A distância dos copos
A desistência dos corpos

Adeus mascarado de até logo

Carolina Palha

Editora, mestre em psicanálise das perversões sexuais e afeita à bagaceira. Nunca soube escolher entre praia, dança e Coca-Cola.

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