É bom sentir saudade

É bom sentir saudade.
Pular no colo no aeroporto, clima quente mesmo no inverno, beijo com o gosto do alívio das chegadas e o sal do choro de despedida.

Porque é bom sentir saudade, apertar distâncias, apartar intenções, mas me aportar em você como se nunca tivéssemos ido. (Fomos?) Saber que me são abrigo os olhos profundamente inquiridores de “por que não?”.

Olhos azuis céu-mar com linha do horizonte sempre mal definida que sempre reviraram o mais fundo de mim.

É bom sentir saudade. Pensar do nada em plena terça-feira, trocar a música, escolher outra roupa só pra te mandar uma foto. Brisa de mar noturno e o desnudar das almas. Saber-nos livres, carreira solo, mas correndo mundo juntos.

É bom sentir saudade, dessas que viram sorriso por si à primeira lembrança. Revirar estados e municípios no mesmo dia, rusticidade de cidade no meio do nada, chalé refinado no mais meio do nada ainda, e, nesse ermo de paisagens, me encontrarem teus olhos e tuas mãos.

Porque é bom sentir saudade, claro, mas melhor ainda é sempre me refazer e me encontrar, de novo e de novo, aqui no teu peito.

Carolina Palha

Editora, mestre em psicanálise das perversões sexuais e afeita à bagaceira. Nunca soube escolher entre praia, dança e Coca-Cola.

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