Entre as paredes 212

No silêncio da noite, os ecos do 212 ainda ressoam em minha mente, como um sussurro constante de lembranças que se recusam a desvanecer. É como se o tempo tivesse congelado naquele lugar, preservando cada momento compartilhado entre nós. As paredes guardam segredos que só nós dois conhecemos, enquanto meus lençóis continuam a esperar pelo seu retorno, recusando-se a acolher outro aroma que não seja o seu.

Recordo-me vividamente daquele domingo de chuva, quando você chegou molhada à porta, vestindo apenas um delicado vestido indiano. Seu sorriso, tão luminoso quanto o sol após a tempestade, iluminou meu mundo inteiro. Sempre soube que sua presença era minha maior fraqueza, meu fetiche mais profundo, uma “diaba” ruiva com olhos que capturavam minha alma, como Capitu encantou Bentinho.

Enquanto aguardo sua chegada, decido preparar um café para aquecer nossos corações. O aroma do café recém passado se mistura com a expectativa pulsante, prenunciando seu retorno iminente. E então, finalmente, você está lá, parada diante de mim, com seu sorriso travesso e seus olhos cheios de promessas.

Em um instante, nos entregamos um ao outro, nossos corpos se fundindo em um abraço ardente, nossos lábios se encontrando em um beijo apaixonado. Cada toque, cada suspiro, é uma sinfonia de desejo e paixão, ecoando pelos corredores do 212. E assim, mais uma vez, o caos e o profano se entrelaçam em uma dança frenética, uma história de amor eternizada pelas paredes do nosso santuário particular.

Max Vieira

Max, trinta e poucos anos, tatuado, barbado, fumante e viciado em café. Autor e criador do perfil @saudadedonossoamor, onde escreve micro contos e frases sobre saudade, amor, sexo bandido e noitadas, tudo envolto na fumaça de intermináveis cigarros e muito café com gim.

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Seja um dia, seja uma noite, as coisas ficam claras. E elas simplesmente não importam mais. Eu não sei mais o que você está sentindo.
Se me perguntarem qual amiga que sou, vou responder que sou a amiga que fica. Aquela amiga que segue a vida, mas sempre encontra um tempo.