Eu corro

Quando o sol estava nos meus olhos eu sabia que eu tinha encontrado o meu propósito. 

E nada consegue me tirar isso da cabeça. 

Ninguém nunca entendeu o porquê eu gostar tanto de correr. 

Uma amiga ainda tentou me convencer que crossfit era melhor. 

Mas como poderia ser melhor, se o meu maior objetivo era me mover cada vez para mais perto de Deus?

Era isso que a corrida significava para mim. Não era uma questão só estética. Não era sobre o meu ego.  

Era o momento em que eu subia no meu cavalo e viajava para dentro de mim mesma. 

Quando eu fiz a minha primeira competição, a certeza sobre isso me tomou. E eu corri como há muito tempo eu não fazia. 

Por muito tempo eu corri para esquecer dos meus problemas, para tentar parar de pensar o tempo todo e para fugir de algumas dores que eu não queria sentir. 

E eu lembro de muitas vezes correr o mais rápido que eu podia, como uma forma das lágrimas não me alcançarem, Ou de cada uma delas se transformarem em suor a ponto de eu não saber a diferença. 

Só que isso tudo se transformou quando eu senti o calor de um dia que nascia tocar o meu rosto como se me dizendo que esperou por esse momento por muito tempo. 

Uma vez me falaram que eu era malandra por causa do ascendente em Sagitário. Achei surreal na época, mas hoje eu até que dou razão. 

Malandra para escapar, não deixar ninguém ficar na minha frente. 

Para ser livre. O ascendente da corrida, da força, do horizonte… Do espírito. 

A corrida me ensinou a ter disciplina. E eu percebi isso quando eu vi que não tinha mais volta. Eu podia estar com febre ou cansada. Eu estaria correndo.

A corrida virou minha representação de busca. Meu encontro com Deus, pois quando me lembro, peço a Ele para correr junto de mim. 

E o que eu posso dizer é que… Eu posso não ter encontrado ainda metade das coisas que eu gostaria. Um relacionamento amoroso saudável ou uma profissão apaixonante, mas a corrida me encontrou…

E eu já me sinto completo com um dos meus verdadeiros propósitos e amor. 

Yamí Couto

Autora e roteirista. Curadora do Blog Sensations, colunista no Blog EOH, Cilada Literária e E aí, Guria? Taróloga de horas vagas.

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