2 da manhã e o celular começa a tocar frenético, já não tenho mais o número salvo na minha agenda, mas me lembro muito bem dele. Até tentei atender, mas fiquei lembrando da nossa última vez, você fazendo minha blusa de pijama, água no fogo para mais uma garrafa de café e eu largado no sofá da sala fumando outro cigarro e vendo sua cara de reprovação por fumar tanto.
Naquele dia nosso sorriso estava tão solto que jamais pensei que você seria apenas uma saudade na minha vida, escolhemos os nomes dos nosso futuros 5 filhos.
Seu abraço era tão bom quanto o Corinthians ganhando mais um jogo na final (já faz tempo que não ganha nada), seus olhos tinha notas de Camões, mas eu só lia Bukowski e não entendia seus olhos de “cigana oblíqua e dissimulada”.
E entre uns beijos e uns pega na cama as horas voaram, o tempo sempre foi nosso inimigo, e você logo teve que correr para tomar um banho e ir embora, como sempre não fiz aquele joguinho pedindo para ficar mais uns minutos, apenas a segurei pela cintura e dei um beijo longo.
A noite seria ruim sem você, mas ficou pior quando vi sua foto com outro alguém, com um textão anunciando a data do casamento…
O celular parou de tocar, penso em retornar, mas prefiro levantar e fazer um café e fumar uns cigarros, afinal já faz tempo que não faço papel de otário.