O copo ainda permanece meio cheio de cerveja, altas risadas e alguns segredos compartilhados. Nada prende a minha atenção que o seu olhar faminto ao pedir um pouco mais.
Seria perfeito se você não se apaixonasse por mim, eu pensei.
Porta trancada, bebida trocada. Dois gelos no whisky que insiste em prolongar e me promete que vamos conversar um pouco mais só por hoje. Mais uma noite.
Lençóis espalhados pelo apartamento, seu iPod tocando músicas espanholas calientes baixinho para não interromper a nossa valsa de amor não comprometido.
Eu sei que não devia ceder. Novamente, eu finjo acreditar na sua conversa. Diz não pensar tanto em mim enquanto sorri com um cigarro ainda pela metade. Uma tentativa sua de deixar seu cheiro espalhado pelos ambientes do apartamento para me embriagar de amor.
Me diz também não acreditar quando explico que meu coração está fechado para o amor. Diz que é desculpa minha para não cair na tentação de me entregar ao que sinto. Quem sabe, esteja certo.
Sabe, ando tão ocupada com outros devaneios que, talvez, o nosso amor não seja mesmo para mim.
Embora não me responde quando te questiono: para quem deve mandar a conta quando alguém destrói um coração apaixonado em pedaços? Você disfarça e diz que nunca deixou um coração partido no meio do caminho. Logo muda a conversa dizendo que eu seja uma boa atriz na cama que lhe engana e anseia por uma plateia pequena e única como a sua, eu me divirto com suas carícias.
Prefiro não arriscar em um mundo desconhecido para mim. No campo do amor, eu fico com a diversão de dois corpos que não habitam um só coração e não compartilham a alma. Por enquanto, esse é meu jogo e você ainda não desistiu de jogar e me vencer.