Onde você está?

Encaro a mesa vejo as chaves jogadas, duas pilhas de boletos, pagos e a pagar, a garrafa de café, algumas canecas e o cinzeiro que precisa ser esvaziado com uma certa urgência, mas desde que esses dias cinzas chegaram já não consigo fazer mais nada do que pensar e desejar você.⠀ ⠀ ⠀

Fico lembrando do gosto dos seus beijos e de como o seu abraço me aquecia nesses dias tão cinzas em que minha alma resolvia deixar meu corpo e eu simplesmente sobrevivia, mas você ainda estava ali para dizer que o sol iria chegar, mesmo que não dissesse uma palavra, era isso que sentia.

Vejo o vento brincando com as folhas e lembro de quando seus cabelos me faziam cócegas ao tocar meu rosto. Saio para rua com a intenção de te esquecer ou quem sabe te encontrar naquele café? Duas ou três gotas de chuva tocam meu rosto, olho para cima e agradeço, pois assim ninguém verá minhas lágrimas de saudade; volto para casa mais arrasado do que sai, senti o seu cheiro, mas não era você. ⠀

No caminho de volta lembro de como era legal te pegar em meus braços e amar a sua alma, isso aperta meu coração e as lágrimas já não caem mais, mas a dor que sinto me rouba o ar.

Chego em casa me jogo no sofá e misturo-me com as almofadas, tentando assim abafar seus sorrisos que as paredes não cansam de ressoar, mas sei que vai passar, afinal é só mais um dia cinza de saudade.

Mas ainda me pergunto, onde você está?⠀

Max Vieira

Max, trinta e poucos anos, tatuado, barbado, fumante e viciado em café. Autor e criador do perfil @saudadedonossoamor, onde escreve micro contos e frases sobre saudade, amor, sexo bandido e noitadas, tudo envolto na fumaça de intermináveis cigarros e muito café com gim.

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