Eu sinto a sua falta todos os dias. Mas quando eu lembro das coisas ruins, eu me pergunto do que eu estava sentindo falta.
Da sua ausência? Da sua impermanência, talvez.
Às vezes eu ouço a sua voz no fundo da minha cabeça. Lembro do seu riso abafado. Era bom, sabe? Me confortava.
Principalmente quando eu pensava em ir embora. Porque no final do dia eu sempre chegava à conclusão de que era melhor ir, mesmo que eu não te falasse isso.
Mas eu não queria te deixar. Eu não queria ser como as outras pessoas, eu queria ficar e mostrar para você que dava para reconstruir tudo do zero.
Que você ia conhecer o que era amar e ser amado. E acredite, eu ainda me culpo por não ter ficado.
Algumas pessoas passaram pela minha vida, mas nenhuma me deixou sem palavras como você fez.
Nenhuma fez eu querer me ausentar de mim por um tempo, olhar para a vida lá fora e ao mesmo tempo… Olhar para a minha crise aqui dentro.
E muito menos… Nenhuma delas me fez relembrar o senso de justiça que eu nem lembrava que ainda carregava comigo.
Bizarro, não é? O que eu sinto hoje é um misto de gratidão a você por ter aparecido e a mim por não ter permanecido.
Porque enquanto eu estive, não senti um minuto de paz. É como se… O meu rosto fosse para você a oportunidade para depositar as cicatrizes do que outras pessoas te fizeram.
Meu Deus… Eu estive tão disposta a abraçar até o seu lado mais frio, desde que… Não fosse comigo. Aliás, poderia até ser, desde que tivesse motivo.
Pensando em tudo agora, olhando para trás e nas vezes que fui embora e eu sabia que você odiava, eu me dei conta de que… Você também não tinha feito nada para eu ficar.
Mas sim para desconfiar, para não acreditar… E para chorar.
Não tinha como continuar.
Mesmo assim… Nada consegue apagar… Nada consegue apagar você de mim. Às vezes eu evito pensar. Eu não quero voltar e eu sei que você também nunca iria aceitar.
Eu respeito a sua palavra. Só que acima disso tudo, “honey”, eu tive e tenho que me respeitar.
Se fosse você aqui no meu lugar… Será que você iria me abraçar ou me odiar por tudo que a gente teve que passar?