Seria mais uma tarde como outra qualquer, mas tinha algo diferente. O calor que me aquecia ainda não tinha chegado ao meu coração. A frieza com que me tratou ainda está aqui. Aliás, eu consigo ouvir suas palavras, mesmo que eu não quisesse escutar tudo aquilo que eu já sabia.
Quem disse que pode mudar a nossa vida assim? O que farei com as boas lembranças? Não quero ficar com momentos ruins. Quando me perco no mundo, é você que vem até em mim através das memórias. Quase tudo passa como um filme em minha cabeça. Eu digo quase tudo porque, para mim, ainda não acabou.
Eu não vi razão para chegar ao fim. Não tem explicação, não tem motivo, não tem nada!
Quantas desculpas são usadas em vez da verdade? Ao contrário de Cazuza, mentiras sinceras não me interessam. A gente deveria desejar o bem para quem a gente ama, mas o que fazer quando deseja participar dessa felicidade?
Outro dia, o vizinho me perguntou onde estava você. Minha resposta foi um sorriso tímido. Eu não sei o quê responder. Ao fechar meus olhos, sinto seu cheiro, seu toque, sinto você aqui. Me perco no tempo. A minha mão espera seu entrelaçar dos dedos para seguir em frente. Não que esteja parada no tempo, mas está difícil seguir em frente.
Enquanto isso, fico sentada naquele parque que a gente costumava ir. Ser feliz consigo mesmo é bom, no entanto, a felicidade conjunta nos faz revigorar. Eu te deixei ir fisicamente, mas suas lembranças permanecem junto comigo.
Você não está aqui mais ao meu lado. Quem sabe, eu me desprenda das suas lembranças. Quem sabe, eu te deixe livre de mim. Sei que é complicado e difícil de esquecer tudo isso, mas é necessário encerrar o capítulo.
Enquanto isso, para mim, não acabou. Ficarei um pouco mais nas nossas páginas. Só um pouco mais. Talvez, um dia, você se olhe no espelho e lembra da nossa felicidade juntos e queira voltar. Talvez, eu ainda esteja no nosso capítulo e nada tenha se encerrado.