Tinha um toque tropical na maneira como balançava que me lembrava a dança suave dos coqueiros. Lento, calmo, longícuo. Seu hálito de brisa leve era convidativo. Estou em águas desconhecidas, corpo hipnotizado por suas curvas. Lembro-me de que não sei nadar, agora é muito tarde. Seu corpo é onda, que vem e vai.
Você me derruba no mesmo instante que me deixo ser banhado. Numa noite de fevereiro, lá fora é ameno. Aqui dentro, quente como o inferno, nossos corpos suam, numa sede de línguas e gestos e toques e cheiros. Toda essa água parece ser o mar que rebentou, invadindo a sala, deslizando pelas paredes, arrombando portas e janelas, até chegar ao quarto. Uma umidade de fluidos se forma, você se espreguiça num rochedo duro e me encara. Sobre águas agitadas, navegamos ao sabor ritmado das ondas – o desce e sobe regido pelo vento.
A lua nos espia pelas fresta do telhado, voyeur e cúmplice, a cada estocada.
É doce e salgado. Seu corpo no meu balança, geme, arrepia. Sinto uma corrente elétrica que perpassa minha nuca até o seu íntimo. Respiro arfando e satisfeito.
Feito mar em ressaca, você me arrasta pelos membros, levando-me para as profundezas. Eu, pescador, me rendo aos seus encantos; há tantos segredos em suas águas. Noite foda com você é como ver o mar.