Se eu disser que eu nunca pensei se você me lia ou não, eu vou estar mentindo, mas admito que nunca foi um pensamento recorrente. Como nosso término foi feio e definitivo, para o horror da galera do “nada é para sempre”, não faria nenhum efeito prático você ler ou não. Mas este texto eu gostaria que chegasse até você, e isso não é ficção nem licença poética. Se você conhece a Anna e sabe quem ela é, por favor envie este texto para ela. Eu me responsabilizo.
Curioso, o ateu radical com mais culpa nas costas que católico de Facebook. Tirando os cinco anos que eu fiquei preso a você depois de terminarmos, eu sempre tive um sentimento de culpa, de “eu podia ter feito mais por ela”. E com essa coisa de pandemia, gente enlouquecendo, se jogando da janela, casando, sabe, eu fiquei preocupado com você. E, sabe Deus por que caralhos eu tenho sonhado com você. Ontem mesmo, sonhei com um apocalipse zumbi, e adivinha quem era minha esposa? Você.
Eu não te amo mais, talvez esses sonhos representem só a minha falta de fé no amor de uns tempos para cá, e o fato de que você foi a última vez que eu realmente pensei que o para sempre fosse mesmo durar para sempre. Doido, né?! Pois é. E no condomínio para onde eu me mudei tem vários casais mais ou menos da nossa (da minha) idade. Com filhos, cachorro, sofá com capa e banquinho amarelo na varanda. Aí eu fico pensando nisso e acabo sonhando com a última vez em que eu quis de fato passar o resto dos meus dias com alguém.
E me vem à cabeça se você tá bem. Se você tá solteira, casada, grávida, feliz, se você tá viva. E era só isso mesmo. Só queria saber se você está bem. Se alguém fizer este texto chegar a você, só me manda um “Tô viva, seu babaca”, e me bloqueia de novo. Só pra eu saber. E se você tiver grávida ou tiver tido um filho, eu não quero saber. Ninguém vai ser um pai melhor para os seus filhos do que eu seria, e ninguém vai ser uma mãe melhor para os meus filhos do que você seria. Então, se o caso for este, manda só o tô viva mesmo. E, por favor, façam este texto chegar até a Anna. Nunca ansiei tanto por ser chamado de babaca, se for pra saber que você tá bem.
Beijos, do ainda seu, Léo.