Pergunte pro seu Orixá, o amor só é bom se doer.
Eu, sempre tão impenetrável, morria de ciúme de você. E ainda não sei bem dizer se é certo esse verbo estar no passado.
Eu te queria minha, como se te pudesse fazer enfeite entre os certificados e troféus da minha estante – olhos de respostas e lábios de artimanhas, artefato raro de colecionador.
E te ver aqui, saia solta serpenteando pelas suas coxas, não te sabendo minha, revirou tudo dentro de mim, a dor de cabeça veio de imediato.
Você chega até mim, então, depois de driblar todos os olhares devoradores. Me olha no fundo dos meus olhos e, leviana, voltando contra mim meu bordão, me pergunta: Se você pudesse fazer qualquer coisa agora, o que seria?
É tudo um truque de ilusionista – você nunca mais vai poder ser real de novo fora do âmbito egoísta e mesquinho dos meus desejos. Pra mim mesmo, por necessidade dessa ruminação infinita de nós dois, me respondo:
Salivar-te o tesão das madrugadas, Giovana.