Pé ante pé, adentra com respeito os novos lugares aonde chegam os seus passos. Não entrar no mar sem antes pedir permissão, assim como não entrar em templos sagrados sem antes pedir permissão. Antes de caminhar sobre as trilhas nos reinos da terra ou do mar, anuncie a sua intenção aos espíritos que lá habitam para te receberem conforme seja a sua própria intenção: com bênção ou maldição.
Os lugares carregam uma ancestralidade que antecede a sua chegada – há uma história em cada permanência, nos ecos dos amores e das guerras que foram encenados sobre esse território. As palavras sussurradas pelo corpo e os silêncios gritados pela alma; o brilho nos olhos antes das chegadas e os mesmos olhos lacrimejando depois das partidas; tantos sorrisos, segredos e sombras; e, ainda assim, tantos sagrados, saberes, fraquezas, fracassos e sucessos. As diferentes tantas vidas de uma única alma em uma única encarnação.
“Venho a ti com boa intenção, sem transposição de limites, sem abreviação da abertura. Venho a ti como iguais: sem distinção, sem adoração; onde minhas histórias encontram-se com as suas histórias sem juízes e sem carrascos. Venho a ti como semelhante, sem hierarquia; e que aqui meu espírito esteja tanto em posição de ensinar como na de aprender com o seu espírito.” Respiro, respiro…respeito.
Ainda que careça de abrigo, em apuros na solidão que impera na jornada, jamais vença as portas de um templo para fazer sua morada. A permissão vem do guardião das divisas, não do pedido. Não profanes o tempo e, assim, não profanarás o templo. Sendo assim, pode entrar.