Nossa cabeça sempre prega peças. Pensamos demais sobre coisas que sequer existem ou existirão. Sobre momentos perfeitos, lugares perfeitos, pessoas perfeitas. Uma ideia diferente sobre tudo o que nos cerca.
Temos uma imagem padrão para a empresária vencedora, a melhor amiga, o boy interessante, o filho certinho.
Papeis que muitas vezes estão distantes de nossa realidade.
É como fazer uma trilha imaginando uma cachoeira exuberante para, ao final, nos depararmos com uma simples torneira.
Frustrante, sim ou não?
Se alguém levantar a mão para dizer não padroniza absolutamente nada em sua vida, vou dizer que está mentindo. É normal saber o que quer, o problema são os critérios irreais que inventamos, reafirmando preconceitos e estigmas. Onde o sucesso é alcançar 10 mil seguidores e ter o arrasta pra cima no Instagram. Onde ser rico é nascer filho do Elon Musk e, aos 10 anos, ser CEO de start-up unicórnio.
Às vezes, é melhor sermos pouco específicos. Imaginar menos um príncipe loiro montado em seu cavalo branco. Deixar de sonhar com uma femme fatale de longos cabelos negros e tatuagem nas costas. Ou no filho médico/engenheiro em seu Porsche do ano.
Ao Idealizar demais, temos uma sensação de que sabemos exatamente o que queremos; quando, na verdade, estamos nivelando nossas experiências por critérios irreais de perfeição.
É aqui que perdemos a grandiosidade das descobertas. Ao não aceitarmos as coisas como são, mas como queremos que sejam.
Sim, a vida é maravilhosa quando caminha pelo script que escrevemos, seguindo condições ideias de atmosfera e pressão que nem a ciência consegue aplicar.
Mas nem todo pôr do sol é rosa-escarlate. E isso não o torna menor.
Quando deixamos que a vida nos surpreenda, nos deparamos com o belo. Com uma pitada de vulnerabilidade se humaniza.
Ao final de uma trilha extenuante, o percurso ganha um sentido. Nesse momento, tudo o que precisamos é de água límpida para tirar a poeira do rosto: seja cachoeira ou torneira, tanto faz.