A gente podia se dar uma quinta, sexta, vigésima chance. Não é poetização, eu não lembro em qual número estaríamos, nem sei se dá pra definir um.
Foi aquela música do Van Halen. A mesma que já tocou no bar, no carro, no quarto. Que já trocamos por mensagem em algum momento, naqueles arroubos de quero falar mas não sei se devo. Ela sempre me traz você, não é hipérbole.
Mas veja você que ironia, de todos e de tantos, nesse tempo-espaço de mãos, suores e confissões sufocadas. De amigos surpresos com a nossa jornada. De percebermos entre copos e alucinógenos de primeira vez… que temos uma jornada.
Você, logo você.
O nosso rude contraste foi menos categórico que o do Setúbal. Nós sabemos quantos lençóis tivemos que trocar. Em quantos bancos de carro e moto deixamos um pouco desses passos.
Do restaurante universitário à rua de gente grande no centro da cidade. Você de camisa social, eu com a sua camisa. E seu sotaque mineiro sempre mais marcado quando voltava da casa dos seus pais.
Das certeiras coincidências na barca, no semáforo, na festa… das horas marcadas imprevisíveis. Das mensagens na madrugada que faziam parecer que você tinha lido a porra do meu pensamento, respondendo ao óbvio clichê do “será que ele também tá pensando?” Das fodas necessárias, das recusas mais necessárias ainda.
Não tá certo você ficar em mim assim desse jeito.