Falei de você na terapia. Não sei por quanto tempo, mas quando me dei conta já tinha passado metade do tempo da minha consulta.
Talvez, eu tenha acumulado essas palavras aqui dentro já que elas simplesmente saíram por vontade própria. A minha vontade mesmo era de deixar tudo guardado em um cantinho.
Mas, terapia é pra gente refletir, certo? Daí, acho que meu subconsciente fez isso por mim. Mesmo que eu negue, tenho pensando em você nesses últimos tempos.
Desde que você se foi, pouca coisa mudou por aqui. Espero que tenha acontecido o contrário com sua vida. Eu ainda sigo a mesma rotina e evito aquele capuccino nos meus dias difíceis. Em dias assim, confesso, tenho tomado chá já que a cafeína me deixa em alerta e penso em você.
Na verdade, sempre penso em você. Até mesmo no mísero pequeno detalhe como o gato da vizinha que insiste em caçar os passarinhos da rua. Eu lembro como você ria das tentativas. Viu só? O gato ainda insiste nisso, então por que eu tenho que insistir em nós dois? Foi a pergunta que minha terapeuta fez. Eu fique sem resposta.
Apesar de não saber o que responder quando perguntam sobre nós dois, dessa vez eu falei sem parar. Coloquei tudo pra fora e foi algo tão libertador, sabe.
Espero, de verdade, que esteja tudo bem com você. Eu vou seguindo por aqui mesmo sabendo que não há mais volta para gente e nem seu abraço quando eu mais precisar. Fique tranquilo que o cobertor tem sido a minha melhor companhia.
Talvez, amanhã, quem sabe, eu não fale mais sobre você ou sobre nada relacionado a nós dois. Hoje, foi o dia perfeito para colocar o ponto final definitivo aqui dentro como fiz na terapia. Alguns finais merecem mesmo terem fim.