Vem Conversar

Hoje só preciso das tuas coxas no meu pescoço

Mulher seminua deitada no sofá

“Tô parada em frente ao teu prédio há duas horas sem saber se te aviso ou não.”

Tua mensagem me freia no meio da rua. Acabei de virar a esquina de casa e vasculho os carros procurando você. Bato o olho em um carro preto, bem em frente de mim, meus olhos atravessam o vidro e grudam nos seus.

O ar fica denso, respiro pesado, o corpo todo responde.

Depois daqueles segundos de suspensão, típicos de tudo o que se passou e passa entre nós, de tudo o que sentimos gritando nessa encarada inesperada, você começa a brigar comigo, com você mesma. Diz que não devemos, não podemos. Que nunca vamos dar certo. Que você é manipuladora, e eu, dissimulada. Que você vai embora.

Eu nunca te deixaria ir embora, falo mais pra mim.

Abro a porta do carro de rompante, você cala, me olha de cima a baixo. É real dessa vez, tá vendo?, sussurro no teu ouvido quando sento no teu colo.

Você volta a falar um monte de coisa aleatória, rótulos de sexualidade, outras pessoas, excesso de entorpecentes. Coloco as duas mãos no seu rosto, você sobe as suas, involuntárias, para as minhas costas, costelas, cintura, me aperta.

Encosto a testa na tua, deixo minha boca perto. Sou tua, é isso o que significa. E você sabe, você sempre sabe. Essa iniciativa é toda tua, também, nós duas sabemos que é assim que tem que ser.

Todos os nossos dilemas se calam no nosso cheiro, enchendo o carro. Nossa pele, toda nossa sede represada uma da outra.

Te aperto com as coxas. Suas mãos apertam minha bunda com força, você me puxa pra mais perto, cheiro teu pescoço, colo, volto pra boca. Nosso beijo é de guerra, mas também de trincheiras desfeitas. De trégua e bandeira branca.

Nossas mãos correm rosto, nuca, peitos. Eu cedo. Posse trocada desses territórios tão bem armados. Só nós duas sabemos.

Te sinto inchada e molhada por cima da calcinha. Afasto, te penetro e chupo meu dedo, faz meses que quero sentir teu gosto desse jeito. Você passa a língua no meu pescoço. Sua boca nos meus peitos, seu dedo sentindo minhas contrações.

Vem cá, te digo, o que quero fazer com você não dá aqui.

Você senta no banco de trás, minha boca chega devagar nas tuas coxas, abrindo tuas pernas, passo a língua no teu clitóris, de baixo pra cima, desço, enfio a língua em você, volto, sinto teu clitóris inchar mais na minha língua, você empurrando o quadril contra mim, encharcando meu queixo.

Aliso tuas coxas, bunda, te seguro.

Só quando EU quiser, falo olhando no seu olho, vendo você já se contorcer. Seguro teu pescoço forte, te penetro com dois dedos, fundo, teu gemido te entrega. Aqui, eu te domino.

Pode ter certeza, posso até entrar no teu jogo, mas todas as regras são minhas.

Carolina Palha

Editora, mestre em psicanálise das perversões sexuais e afeita à bagaceira. Nunca soube escolher entre praia, dança e Coca-Cola.

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