Vem Conversar

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Processos - Vem Conversar

Estranho eu ter deixado a porta destrancada, não faço isso, pensei virando a maçaneta da minha sala. Mas eu estava sozinho no escritório hoje, não tinham muitas possibilidades.

Entendi assim que escancarei a porta, ainda segurando a pasta. Tinha me feito uma surpresa.

Estava me esperando, sentada na minha cadeira. Coque no cabelo, óculos de armação escura, camisa social branca. Ri da cena clichê, ri de não ter desconfiado, ri de me sentir enlaçado pelo tesão que subiu na mesma hora.

Bom dia, doutor, disse cínica, com aquele sorriso que acaba comigo, cruzando as pernas por baixo da mesa.

Se levantou se oferecendo pra mim, apoiou as duas mãos na mesa me mostrando o desenho dos peitos por trás da blusa quase transparente. Só a encarei, deixando que continuasse seu jogo. Visto o personagem de espectador de seus truques.

Veio até mim toda dona, devagar, eu ainda estava atônito, confesso. Se abaixou, abrindo meu zíper, tirou a pasta da minha mão e a colocou no chão, ri entregue do quanto ela me fazia um adolescente, em suas mãos, em sua boca, língua, palato, garganta.

Ela se levantou pra me beijar, sabia o quanto eu gostava de sentir meu gosto na sua boca, e a apoiei sobre a mesa, de costas pra mim.

Levantei sua saia devagar, fiquei perturbado quando vi que estava sem calcinha, ela não deixava escapar nenhum detalhe. Enfiei a cara no meio de suas pernas, deixando ela me encharcar.

Deitei mais seu corpo sobre a mesa, deslizando as mãos por suas costas, apertei sua cintura sentindo a resistência ao entrar nela, suas mãos espalmadas na minha mesa, bagunçando papéis, pastas, tudo o que estava no caminho.

Disso, a gente dá conta depois. Agora, minha sentença estava decretada. Sou réu confesso, sou dela. E nada mais importa.

Carolina Palha

Editora, mestre em psicanálise das perversões sexuais e afeita à bagaceira. Nunca soube escolher entre praia, dança e Coca-Cola.

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