Presença

Sábado, na rua famosa da cidade grande, permito-me ser absorvida por uma galeria.

Galeria dessas que tudo o que ostentam apenas choca momentaneamente olhos indiferentes àquilo que se rasga de real.

Bobagens de finais de semana requintados.

Paro.

Vejo um rapaz andrógino, cabeça raspada e óculos.

A folia no peito chega antes do raciocínio, seu nome me vem à boca naqueles parcos segundos.

Os pensamentos que se atropelam me revelam que não é você, claro que não, mas que coisa!

Mas isso me sacode do momento de fruição e me coloca do seu lado.

Seu nome se dilui na minha língua, enquanto a folia no peito pesa a falta que você faz.

É uma falta boa, dessas que se sabe recompensa breve, e tudo o que sinto é a sensação da sua mão na minha.

Vem comigo?

Carolina Palha

Editora, mestre em psicanálise das perversões sexuais e afeita à bagaceira. Nunca soube escolher entre praia, dança e Coca-Cola.

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Seja um dia, seja uma noite, as coisas ficam claras. E elas simplesmente não importam mais. Eu não sei mais o que você está sentindo.
Se me perguntarem qual amiga que sou, vou responder que sou a amiga que fica. Aquela amiga que segue a vida, mas sempre encontra um tempo.